Palavra do Presidente


Caro(a) colega,

O editorial desta semana parte de um momento pessoal de reflexão sobre ética. Bem quando acabamos de comemorar o Dia do Profissional da Contabilidade. Acredito até que seja propício abordar esse tema diante de tantas questões que tem angustiado a muitos colegas em se perguntar o que seria ter uma postura ética?

Todos nós, independente de sexo, raça, posição social, escolaridade, idade, passamos boa parte da vida tendo de optar entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. Na realidade, procuramos constantemente o que consideramos o bem e o que entendemos como mal. Agora, dentro do relativismo peculiar do ser humano, o que consideramos certo ou errado muda ao longo da historicidade de vida.

Dentro deste contexto, percebo a carência, enquanto profissionais da contabilidade, de estabelecermos um diálogo aberto entre nós sobre a postura ética necessária ao convívio social e ao dever com a profissão que escolhemos.

Com base nisso, construir possibilidades e novas ideias para o progresso da ciência Contábil perpassa por comportamentos éticos solidificados, surgindo assim uma mudança de mentalidade no exercício da profissão, pois encontramos historicamente relatos de atitudes de colegas que prejudicam a imagem da classe profissional perante a sociedade, que absorve os seus serviços, imagem essa que precisa a todo o momento renovar-se de maneira positiva, perante uma sociedade marcada pela corrupção, pelo jeitinho, por usar meios e mecanismos de forma ilícita.

Abordar esse tema é um desafio constante em nosso repensar cotidiano, pois teorizar sobre o tema pode ser até fácil, o difícil por certo são as atitudes que demonstrem com clareza a nossa postura ética perante as diversas situações que se apresentam no exercício profissional.

Gostaria que tivéssemos uma reflexão da ética numa perspectiva emancipatória, conduzindo a nós profissionais da contabilidade a repensar nossas ações, no intuito de divulgar de maneira preventiva atitudes que contribuam para a elevação da nossa profissão, pois através das nossas atitudes e do respeito ao outro, seremos vigilantes e protetores da virtude e das grandes soluções éticas, competentes para sanar os males e para amenizar as mazelas sociais.

Em muito momentos de decidirmos determinadas atitudes, nos deparamos com a dicotomia entre a esperança de se dar bem e d o medo de se dar mal. A palavra esperança, pela origem do termo, representa aquilo que impulsiona, que inspira. Assim sendo, esperança aqui deve ser um ganho de potência, a partir de uma situação imaginada que é vantajosa, prazerosa, que é boa. De outro lado, temos o medo, que é justamente o contrário, ou seja, o indivíduo se torna pequeno diante de uma situação imaginada, diante de uma consequência que pode ser nefasta.

Diante dessas situações, acredito que a sociedade tem se demonstrado incapaz de produzir medo sobre aqueles que pretendem auferir vantagens de situações ilegais, indecorosas ou eticamente condenáveis, no dizer do filósofo Clóvis de Barros Filho. Vivemos em nosso cotidiano dilemas éticos, em que a esperança abordada não seria uma virtude, mas uma expectativa de impunidade e de sucesso que ultrapasse o risco do medo, o que parece ser uma expectativa de que o delito compense a eventual situação da penalidade.

Lutemos para entendermos que os delitos éticos não compensam e que a falsa impunidade pode em algum momento ser desmoronada. Percebam o que aconteceu com vários envolvidos em escândalos da lava-jato, que perderam a oportunidade de serem honestos.

Boa leitura para todos!